O QUE PODEMOS ENCONTRAR AQUI?!!

28 de junho de 2013

O Teatro Magico - Cidadão de Papelão - Clipe Oficial


   
   Animação e música perfeitas que descrevem claramente uma sociedade consumista, competitiva e com valores avessos à dignidade humana... à margem, estão sendo deixados os ideais de valor à vida.....e assim nos habituamos...pode ser que, um dia, não teremos onde nos habitar.....

Belíssima e inteligente composição!

17 de junho de 2013

A Opinião De Jabor é que não vale 20 CENTAVOS!!!!



   O inefável  Arnaldo Jabor, a quem basta a elegância com que se expressa, a tolerância que pratica e a ponderação com que julga para que se avalie, é, sem dúvidas, referencial para todos nós.
Onde ele está, ali não é para estar.
Quinta feira, fez um ataque furibundo aos manifestantes, dizendo que só viu ódio igual ao daqueles jovens durante os ataques dos criminosos do PCC em São Paulo.
   “Estes caras das ruas vivem num passado de ilusão. Eles são a caricatura violentada caricatura de um socialismo dos anos 50, que a velha esquerda ainda defende e pratica aqui. Realmente estes revoltosos de classe média não valem nem 20 centavos”.
   À noite, repetiu com seus gestos teatrais, o mesmo texto no espaço nobre que a Globo lhe dá, embora nele não pareça caber o seu ego.
Disse que a causa dos jovens era a ausência de causas.
   Veio o final de semana e Jabor, o rápido, percebeu que a mídia estava se servindo dos manifestantes para atacar o Governo Dilma, que tem como parte nessa história ter tirado os  impostos para permitir que a passagem subisse menos.
E hoje cedo, mudou de rumo.
   Num gesto dramático, fez um “ato de contrição”.
“Eu fiz um erro e esta é minha autocrítica. (…)Critiquei-o porque temia que tanta energia fosse gasta em bobagens, quando há graves problemas a enfrentar no Brasil”.Mas a partir de quinta-feira, com a violência maior da policia, ficou claro que o movimento passe livre expressava uma inquietação que tardara muito no país, pois desde 92 faltava o retorno de algo como os caras-pintadas, os jovens que derrubaram um presidente”.
   O golpismo das palavras de Jabor nem implícito é.
   Desanda a atacar o Governo, a Petrobras, falando em Mensalão e país em ruínas.
   E diz que os manifestantes, neo-caras-pintadas, são a grande esperança da Terra.
   A autocrítica de Jabor é puro oportunismo político, que nem cora o rosto de mudar de posição num estalo para semear o terror pelo “desastre” nacional.
Mas que não se percam as palavras de efeito e os gestos dramáticos do personagem bufão que ele interpreta: o que não vale nem 20 centavos é a autocrítica do Jabor.

Por: Fernando Brito

15 de junho de 2013

Relato de Violência contra Uma Manifestante no Protesto de 13 de junho (É de dar raiva)


ATENÇÃO: Relato de violência policial cometida contra uma manifestante que estava no ato de 13/06/2013, em São Paulo. Circulem, façam rodar!

   “Talvez o relato falhe por escaparem-me detalhes como os horários e a sequência dos fatos, pois estava sozinha - e perdida de todos que esperava encontrar, ou surda pelo terror do que não esperava encontrar. O fato é que estava lá, levando minha presença como única forma possível de apoio à manifestação que me era possível naquele momento, acreditando como todos que dessa vez algo era diferente, algo era como não era há muito tempo. Durante parte desse “muito tempo”, restringi-me a manifestações em nome do respeito irrestrito à minha existência como mulher - e não, como se pode pensar, à minha “condição” de lésbica pois nada se condiciona a isso. Ontem, pensei estar na rua por outra causa - e percebi que a causa sempre será a mesma.
   Foi até curioso como num primeiro momento senti algo de libertário e igualitário na ideia de que sublimavam-se as diferenças entre os manifestantes para que a mesma bandeira fosse levantada por todos - e fiquei inebriada nessa inocência até ser lembrada de que o senso de solidariedade coletiva pode até parecer se esquecer das diferenças - mas a repressão não. Fui tratada como igual durante os tiros de bala de borracha, as bombas de gás, a correria, o desespero, o não saber para onde ir, a tentação de se arrepender por estar ali - mas não quando a repressão tomou forma e corpo de homem, de farda, sem identificação, aquela que tem forma mas não tem rosto, ainda que eu saiba que é um rosto do qual eu não vou me esquecer. No desespero e ineficiência da corrida, fui pega pela gola da camiseta do MPL que ganhei de presente de uma amiga militante - e que tive orgulho de usar. Não me lembro se houve abuso na revista. Mas nada foi encontrado - então a frase que ouvi foi “tira a blusa, vagabunda”. Eu teria começado a chorar de pânico ali, se o recurso não estivesse sendo gasto pela resposta fisiológica ao gás lacrimogêneo. Disse que não. Tomei um tapa na cara que me fez engasgar no soluço do choro que não saía. Fui segurada pelo rabo de cavalo e bem perto do meu ouvido ainda quente da agressão, ouvi “tira a blusa que vou levar de souvenir”. Disse que não mais uma vez, dessa vez pedindo por favor, e a resposta foi um puxão pela gola da camiseta até rasgá-la, e eu fiquei lá, de sutiã, diante de três (ou eram mais?) policiais, que passaram minha blusa de mão em mão dizendo procurar cheiro de vinagre mas “que delícia esse perfume, hein, vadia?" A impressão que tive era que o mundo inteiro não existia mais, nem o mundo, nem a causa, nem eu mesma, nem eles, só o medo e o vazio e o barulho de todo um universo que parecia se afastar; e fiquei em silêncio. O silêncio foi interrompido pelo zunido dentro da minha cabeça quanto o policial que acabara de jogar minha camiseta no chão passou o cassetete pelo meu sutiã, sorriu e disse que estava na dúvida se ia “querer só a camiseta de lembrança do nosso encontro”. Já ouvi dizer que nosso inconsciente não sabe processar a negativa, mas tudo que pude repetir, baixo e alto, foi “por favor, não”. Nessa hora, do vazio ao redor, uma pedra atingiu o ombro daquele homem, e os três correram para conter o vandalismo contra o tal aparelho do estado. Peguei minha camiseta e corri, nem sei pra onde, nem sei como, nem sei quem - eu acho que naquela hora eu nem sabia quem estava correndo, e nem do quê.
   Curiosamente, poucos meses antes, eu estava naquele mesmo lugar, de sutiã, em protesto, exigindo ter maior propriedade sobre meu corpo e sobre as decisões a ele pertinentes. Eu acho que não consigo lembrar da sensação de outrora de orgulho por entender que a imagem do meu corpo não significa a exibição dele - não sou uma objeto de arte para ser exibido. Naquele momento, tudo que havia era o medo e a vergonha, essa que eu nem sei do que, e nem sei por quê. Talvez vergonha por ter acreditado que naquele momento limítrofe de barbárie, estavam desconstruídas também as convenções sociais - não só as que prezam pelo mínimo de respeito, ética e moral, mas também as que me oprimem como mulher -, e que pelo menos naquele momento meu alerta poderia estar voltado a algo que me competisse dissociado do meu gênero. Acho que o ferimento que doi mais nem passa perto de ser o ponto que restou na minha boca (que - veja só que poético - confunde o gosto de amargo que ficou nela desde então); é aquele irreversível, aquele que invalidou todo um sentido de existência do qual achei que tivesse me apropriado, aquele que manchou o orgulho que sempre tive de usar o meu corpo como mensagem de resistência. Foi uma marcha de vadia só. Ontem, tive vergonha por perceber que ainda sinto deixar que meu corpo seja usado contra mim por mais que brande o contrário - e medo por ver que externa e internamente, esta batalha está longe de acabar.
   No entanto, nem tudo é decepção. Perceber-se quebrável, sensível e frágil rende um primeiro momento de sentimento de impotência, incompetência, inoperância… mas um segundo momento de fagulha de euforia, ânimo e esperança também, ao perceber que outros que amanheceram - como eu - quebrados, estão aos cacos se juntando e contando histórias e planejando como será o amanhã. Se vale a metáfora, somos vários vasos quebrados que agora desistiram de colar suas próprias peças numa imitação do que costumavam ser. Hoje somos um vitral. Hoje queremos ser um mosaico que junte os cacos que a repressão deixou para montar o nosso próprio afresco. Pra saber que dessa história, sim, todos fazemos parte - ainda que aos pedaços. E essa obra vale bem mais que 20 centavos.”

14 de junho de 2013

24 MOMENTOS DA MANIFESTAÇÃO EM SP QUE VOCÊ NÃO VERÁ NA TELEVISÃO

Bem, na TV você não vai ver:
01. A matéria do jornalista Elio Gaspari (O Globo) que afirma que a Polícia começou o confronto armado.
Tirinha Gordo Fresco: 24 Momentos dos protestos em São Paulo que você não verá na TV
Artigo aqui.
02. E se preferir uma segunda opinião para acreditar, a jornalista da Band que confirma que a polícia começou a violência.
Tirinha Gordo Fresco: 24 Momentos dos protestos em São Paulo que você não verá na TV
03. Quando os policias começaram a atirar na imprensa, mesmo ela se identificando:
04. A conversa presenciada em plena Avenida Paulista (na manifestação de terça) POR MIM, QUE VOS ESCREVO, ao sair do Conjunto Nacional em direção à minha casa:
Tirinha Gordo Fresco: 24 Momentos dos protestos em São Paulo que você não verá na TV
05. O policial que foi filmado quebrando O P-R-Ó-P-R-I-O vidro da viatura.

É isso mesmo que vocês leram e viram. O policial quebrou o vidro da viatura dele para culpar manifestantes.
06. As bombas de gás lacrimogênio vencidas há 3 ANOS, que como o próprio fabricante diz: OFERECEM PERIGO SE FORA DA VALIDADE.
Tirinha Gordo Fresco: 24 Momentos dos protestos em São Paulo que você não verá na TV
07. O jornalista da Carta Capital que foi preso porque estava carregando vinagre na mochila. VI-NA-GRE. É PROIBIDO CARREGAR VINAGRE AGORA?
08. Quando a Tropa de Choque jogou bombas e atirou em manifestantes na calçada por gritarem “SEM VIOLÊNCIA”.
Tirinha Gordo Fresco: 24 Momentos dos protestos em São Paulo que você não verá na TV
Vídeo aqui.
09. Aliás, gritar “SEM VIOLÊNCIA” já era motivo para você levar tiro, mesmo que estivesse na calçada (sem atrapalhar o trânsito) e sem destruir nem agredir fisicamente nada nem ninguém:


10. Esse perigoso manifestante que tem uma ameaçadora flor. Vai que é uma flor bomba né minha gente?
Tirinha Gordo Fresco: 24 Momentos dos protestos em São Paulo que você não verá na TV
11. O promotor esquentadinho preso no trânsito que disse que se os manifestantes que estavam atrapalhando o dia dele fossem mortos, ele arquivaria o inquérito policial:
Tirinha Gordo Fresco: 24 Momentos dos protestos em São Paulo que você não verá na TV
Diz ele que estava apenas extravasando.
12. A repórter da Folha, Giuliana Vallone, que foi atingida no olho.
Tirinha Gordo Fresco: 24 Momentos dos protestos em São Paulo que você não verá na TV
Trabalhando, e tentando ajudar pessoas perdidas na rua, Giuliana levou um tiro na cara.
13. A mensagem compartilhada entre os manifestantes incentivando o protesto na paz e como se defender sem em caso de ação violenta da polícia.
Tirinha Gordo Fresco: 24 Momentos dos protestos em São Paulo que você não verá na TV
14. Os relatos de pessoas que viram policias arrastando pessoas feridas para fora do hospital.
Relato 1.
15. O relato de um rapaz que foi ajudar um garoto e tomou tiro.
Relato 2.
16. Outros relatos de abuso de poder da polícia como esse e esse.
Relatos 3 e 4.
17. O casal que apanhou às 22h40 (bem depois da manifestação), porque tinham participado dela e agora estavam em um bar.
Tirinha Gordo Fresco: 24 Momentos dos protestos em São Paulo que você não verá na TV
É isso mesmo, olha aqui a matéria.
18. A professora que não tinha nada a ver com a manifestação, só estava passando, e ao tentar passar longe da confusão levou um tiro na cara.
19. A excelente pontaria da Tropa de Choque. (PS: os manifestantes que tentaram ajudar o senhor também levaram tiro!)
Tirinha Gordo Fresco: 24 Momentos dos protestos em São Paulo que você não verá na TV
20. O rapaz que mostra que os jovens cansaram de protestar do sofá.
Tirinha Gordo Fresco: 24 Momentos dos protestos em São Paulo que você não verá na TV
21. O jornalista Pedro Ribeiro, perigosíssimo hein, que precisou apanhar e ser contido por SETE policias.
22. RESUMINDO: jornalistas e cinegrafistas se dando muito mal. Porque essas pessoas que estão ali só para trabalhar, e cobrir a manifestação, representam um grande perigo para a sociedade, hein?
Tirinha Gordo Fresco: 24 Momentos dos protestos em São Paulo que você não verá na TV
23. E esse tapa de luva em todo mundo que reclama que tá fazendo barulho na hora da novela.
Tirinha Gordo Fresco: 24 Momentos dos protestos em São Paulo que você não verá na TV
24. E se você não leu esse texto ainda, precisa saber que não são só sobre os 20 centavos as manifestações.
Concluindo:
É triste ver a polícia exercendo esse abuso de poder com tanta falta de preparo em manifestações populares. Mas nos resta vibrar, pois apesar de estarmos vivendo uma época em que as forças armadas agem de forma desordenada e ilegal, estamos vivendo a era da informação, na qual nós blogueiros estamos aqui para espalhar a notícia para o mundo, época em que qualquer pessoa é um reporter, basta sacar um celular. A informação não é mais unilateral, ninguém precisa engolir os absurdos da Veja ou de qualquer outro veículo que se recusa a dar voz aos dois lados, que não legitima o poder da população por lobby e interesses políticos de poucos. Acabam virando motivo de chacota ao tentarem editar uma matéria que todo mundo sabe que foi diferente.
Quanto mais os policiais agem de forma indevida, mais a população vai se revoltar. E mais ainda virá pela frente.